sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

"O Segredo do Rio"

Competência: Recriar textos, recontando histórias.
Actividade: Recontar e ilustrar o "O Segredo do Rio" de Miguel de Sousa Tavares.
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Era uma vez um rapaz que vivia numa casa branca no campo. À volta da sua casa havia um pomar com árvores de fruto de várias espécies. O sítio preferido do rapaz era o ribeiro que passava perto da sua casa.
O rapaz gostava tanto de estar ao pé do ribeiro, que à noite deitava-se na areia a ver as estrelas.
Um dia o rapaz estava deitado na areia a fazer construções e de repente ouviu um grande barulho na água. Ele olhou para a água e viu um enorme peixe a dar um salto e ficou muito assustado. Ainda conseguiu ver que era uma carpa.
O rapaz ficou quieto de medo, pois ele nunca tinha visto um peixe daquele tamanho. Mas o mais extraordinário é que o peixe falava e perguntou-lhe:
- Olá, tu vives aqui?
- Vi-vi-vo. Respondeu o rapaz atrapalhado.
Depois eles falaram um com o outro:
- Como é que falas a língua das pessoas? Perguntou o menino.
O peixe respondeu:
- Eu tive um dono que falava muitas vezes comigo, ele dava-me muita comida. Eu fui crescendo e já não cabia no aquário onde ele me pôs, por isso tive de me ir embora.
O rapaz e o peixe fizeram um acordo, ninguém podia saber que ele falava com um peixe porque se soubessem achavam que ele era maluco. E o peixe ficou a viver no ribeiro.

O Rapaz e o peixe foram ficando amigos e aprendendo a brincar juntos.
Nos dias quentes de Verão mergulhavam juntos dentro de água, o rapaz agarrado à cauda do peixe, que nadava à superfície e o arrastava com toda a força como se fosse um barco a motor.
Nas noites de muito calor, o rapaz descia a janela do seu quarto e ia até ao ribeiro e ficava a conversar com o seu amigo peixe.
Chegou o Outono e o sol continuava a brilhar, os dias muito quentes... e nem uma gota de chuva! As culturas precisavam de chuva para crescer e as árvores para darem frutos.
Uma noite o menino saiu da cama para ir beber água e ouviu uma conversa dos pais.

O rapaz ouviu os pais a dizer que estavam a ficar sem comida devido à seca. A mãe lembrou-se que tinha visto um peixe muito grande no ribeiro perto da casa e, se o pescassem, ficariam com comida para algum tempo. O menino ao ouvir isto foi avisar e contou-lhe o que se passava e disse-lhe:
- Tens de fugir já esta noite. Daqui a um bocado, logo que romper o dia, o meu pai estará aqui para montar a rede e, se tu não tiveres fugido, ficas preso.
Os dois a amigos despediram-se com algumas lágrimas nos olhos.

Já tinham passado duas semanas que o peixe se tinha ido embora e, uma noite, o peixe voltou a aparecer no ribeiro. O menino quando o viu foi a correr para o ribeiro e entrou pela água adentro e abraçou o peixe.
O peixe voltou cheio de latas de conserva para dar à família do rapaz que, assim, já não precisavam de o pescar, e o peixe poderia voltar a viver ali.

O peixe contou ao rapaz como tinha conseguido trazer a comida. Disse-lhe que foram duas raposas que o ajudaram a puxar a rede com todas as latas de um pequeno barco de marinheiro. Depois de ouvir a história do peixe, o rapaz disse:
- Fantástico, fantástico! Nós estamos salvos e tu também estás salvo. Amanhã vou contar ao meu pai que foste tu que nos salvastes.
E assim fez o rapaz no dia seguinte. O pai e a mãe nem queriam acreditar naquele milagre. O pai mandou colocar uma placa no rio a dizer “Proibido pescar neste local”.

No dia seguinte o rapaz também fez uma tabuleta que colocou no ribeiro a dizer “Este rio tem um segredo e este segredo é só meu”.

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